sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Caminhos...

Boa noite gente. Por muitas vezes já, numa continuada jornada de mudança interminável, estagnação, numa insana caminhada de algo que ainda não percebi bem ser o quê, dou por mim fiel ao progressismo antes contestado do percurso normal das coisas, de um destino vulgar mas tão pouco previsível da vida. Dou por mim sentado frente a um monitor numa sexta à noite, ouvindo músicas que pouco ou muito dirão de mim.

Não sei o que foi feito de mim, de onde apareci e por onde me fui. Olho o passado, vejo o presente, e tento não adivinhar o futuro. Aquilo que fui, o que comigo se passou, o que hoje sou e talvez aquilo que amanhã serei. Reparo em um percurso vulgar das coisas, numa lei racional e lógica daquilo que não é natural e talvez nos leve a acreditar naquilo que na prática não nos constitui como pessoas, talvez mais presente em mim do que numa generalidade de pessoas da minha geração.

Eu fui alguém que hoje não sou, cresci, aprendi, errei e perdi mas também ganhei. Como muitas vezes penso e teorizo, talvez a minha paixão por "legos" em criança, me tenha aproximado por certas áreas da engenharia, e a minha curiosidade e interesse pela ordem e causa natural das coisas e dos factos feito pensar em tempos em jornalismo. Talvez a minha "maior tendência para morenas" venha da minha primeira grande paixão, algo quase como platónico. Talvez a minha relativa vivência com gerações mais velhas e acompanhamento das dificuldades da minha família me tenham feito menos consumista, menos materialista, e mais ciente das dificuldades e prioridades da vida.

Dou hoje por mim, sexta-feira à noite, frente a um monitor, algo que não faz parte de mim... nunca fez. Ouvindo uma música cuja letra e simbologia a mim nada dizia nunca e que eu e meus ideais rejeitavam. Dou por mim vistas as prioridades mudadas ao longo dos tempos, aquilo em que sempre acreditei e por que sempre lutei cada vez posto mais em causa... eu, que sempre me achei uma pessoa de princípios persistentes, de argumentos sólidos e motivos para aquilo em que sempre me apoiei, basiei e defendi. Talvez por isso nesta vida, nada seja absoluto mas tudo relativo. Talvez um ateu, um agnóstico ou um católico, tenham os mesmos princípios de vida, as mesmas bases e razões de crença... apenas diferentes maneiras de olhar o mundo e a ordem natural das coisas, talvez não tenha que haver uma causa ou uma razão absoluta, mas uma relatividade associada áquilo que somos, à nossa vida e ao nosso percurso. Talvez um comunista e um liberalista disponham das mesmas ambições e prioridades, não havendo talvez um absolutismo no "sistema errado ou sistema certo" e na "má decisão ou boa decisão". Tal como talvez um racista e um humanista lutem pelas mesmas consequências, objectivos tendo em vista diferentes critérios, não tendo talvez necessáriamente um associativismo ao ódio ou receptividade racial.
Talvez aquilo que em tempos fui, não o seja hoje na totalidade, na verdade cada vez ponho mais em causa ideais e princípios meus que toda uma vida me sustentaram e apoiaram. Talvez a minha maneira de ser seja muito diferente daquela que esperasse ou fosse suposto. Talvez a minha maneira de pensar em certos assuntos e pontos de vista não seja na sua integridade a mesma que em tempos passados. Ou talvez por vezes seja apenas pura e simplesmente necessário mudar...

Pouca coisa hoje sei, ao final de muita coisa passada, e talvez muita posta em causa. Sou-vos sincero, não me posso qualificar como uma pessoa feliz, no entanto também não tenho motivos para não o ser... simplesmente não sou nem deixo de ser. Se um dia tiver que ser alguma coisa dos dois, então que seja. Eu não sou muita coisa, e talvez seja relativo em muitas temáticas ou não. Sou apenas eu, Zé para uns Modesto para outros.
Talvez seja essa a definição da minha pessoa: a incerteza daquilo que sou, a questionabilidade de soluções palpáveis do muito ou pouco conhecimento que possuo, e a certeza de que nesta vida pouco ou nada é absoluto.

Assim apresento o Mundo, um lugar de sítios feios e belas paisagens. De dor e mágoa, euforia e risota... tristeza e felicidade. Daquilo que para uns "o que parece é" e para outros "o que parece não é", e que no fundo, são apenas definições que depende da nossa absoluta consciência, que depende directamente da relatividade do nosso percurso de vida...

E assim é. Uma boa noite a todos.

6 comentários:

Anónimo disse...

Bem o primeiro comentário que vou fazer acerca do que escreveste é que ler os teus textos é equivalente a ler os lusíadas, e é preciso estar-se muito atento e concentrado para se perceber o que queres dizer xD

Mas agora fora de brincadeiras.

Não há muito mais que te possa dizer além do que conversámos no dia em que me disseste que tinhas escrito isto. Tu não escreves a confusão de Camões por ser assim o teu estilo, acredito mais que o fazes pela desorganização que passa pela tua cabeça e que transparece para as palavras. A tua escrita é complexa, mas acho que neste dia foi ainda mais, talvez pelo que te passava pelos pensamentos.
Gosto de 'Caminhos': Afinal estamos constantemente a escolhê-los e, com ou sem medo, percorremo-los, fazendo-nos quem somos. E acho que as músicas que ouves dizem muito de ti. Apesar de não saber quem eras, assim como todos nós tu cresceste a atravessar situações que te marcaram de alguma forma e isso torna-te na pessoa que conheci este verão e que considero como alguém a estimar.
Dizes sentir que não és aquilo que pensavas que irias ser, ideais diferentes, princípios alterados, mas acho que isso faz parte. Na tentativa de nos adaptarmos ao que nos acontece, mesmo sem nos apercebermos, tomamos decisões e isso muda-nos, transforma-nos, e às vezes torna-nos até em alguém que antes dizíamos ‘eu nunca hei de ser assim’.
“Ou talvez por vezes seja apenas pura e simplesmente necessário mudar...”. Eu acho que é.
Como já te disse antes, não sei bem o que te possa dizer para confortar o teu estado de espírito, esse meio termo que não é nada, entre felicidade e neutralidade em que tens andado. Talvez baste olhares para as pequenas coisas, por mais insignificantes que sejam, e sorrires com elas ou para elas, talvez assim acrescentes um pouco mais aos teus dias e, de certa forma, faça florescer algo mais em ti.
Bem, não sei qual a validade ou credibilidade que dás a estas coisas que digo, mas acho que percebes a minha intenção. Só não gosto quando estás em baixo ou desanimado, e isso transmites mais facilmente do que pensas (o meu radar capta tudo). E queria também que soubesses que, apesar de muita coisa que tenha acontecido, podes contar sempre comigo (eu sei que toda a gente te deve dizer isto, mas eu falo mesmo mesmo a serio) para o que precisares, bom, mau, horrível, óptimo, o que for.

E pronto, é isto.

Quero ver a tua avaliação comentarial!

Beijinhos

Miuda_do_Futuro disse...

Caminhos? O que na vida é caminho ou uma simples direcção? Caminhos existem muitos, direcções muitas mais existem... agora depende a cada um escolher o que pensa ser o melhor para si tendo em conta todos os outros, pois nada do que fazemos está isolado de um todo, o social.
Os seus textos são algo de maaavilhos ao ler... fico quase sem plavaras, quase porque as que tinha deixei neste singelo post.

Anónimo disse...

Bem chavalo, a minha opinião é esta -> a vida é relativa e os caminhos que percorremos são akeles k semeamos por mais k digamos, às vezes "q n" - é vdd q acontecem coisas na vida de pessoas que não mereciam tal, mas são essas 'injustiças' q dissem o quao forte somos ou o poder q tanto nós possuímos.
Não é preciso ter vergonha de chorar, é do choro q se vê, o que por trás de muitos olhares se contém.
Momentos de reflexao, ajudam tanto para descansar como esperançar ou simplesmente erguer.
Tudo é feito de altos e baixos e a realidade desses altos e baixos é q neles é obrigatório existir a esperança - há sempre dias melhores, podem parecer durar menos tempo que os maus mas são feitos para serem assim, o que é bom demais desaparece rápido - funcionam como sonhos; sonhos q se tornam realidade e quando se acorda como num sonho normal desvanece. É no tempo q passa ou chamadas talvez saudades que concluimos, o que realmente foram os prós e os contras. Assim escolhemos o que queremos mudar e até alcançar.

Por exemplo: para ti akele objecto vês dakela maneira q eu opostamente vejo doutra maneira - diferentes pontos de vista, diferentes experiÊncias q ao longo da vida demonstram o que cada ser humano para ele pode-se mais salientar.

Não desistas de ti, porque isso é o essencial para acabar com a insegurança e a indecisao, é dificil conseguir contornar isso, porque pensamos que temos k viver consoante a sociedade acha e dita e pronto, mas para mim acho que muitas particularidades sim têm k ser feitas para não assustar a sociedade se tiver nas nossas posses, mas há agora outras q é impossível, já está entranhado e isso é nos torna únicos.


Marisinha ⌐ ⌐

Anónimo disse...

muito bem, ze! cada vez que leio algo do teu blog fico estasiada! penso: "foi mm ele que escreveu isto?!" lol so depois é que me lembro que ja tive essa reacçao anteriormente.
escreves muito bem, continua assim!

em relaçao a este texto em concreto, acho que percebo o que queres dizer. mas o local onde chegaste hoje, o conhecimento e a experiencia de vida que te pertencem neste momento, nao sao mais do que fruto do teu trabalho, da tua aprendizagem e da tua vivencia diária. o que sabes, deve-se somente ao que ja viste e aprendeste, ao que ja sentiste, aos obstaculos que tiveste de ultrapassar, as escolhas que fizeste. ao caminho que traçaste!
A sociedade e os que te rodeiam levam-te a tenhas uma determinada personalidade - nao falo da tua maneira de ser, mas de caracteristicas mais superficiais, e que possam ser moldaveis. ~Daí que sintas que és e ages e pensas de uma certa forma porque as circunstancias assim to ensinaram! Mas com todos é assim! Parte de ti nasce ctg, mas a outra parte é por ti criada, e quando a estas a criar, ao longo do teu crescimento, vais sendo influenciado pelos factores exteriores!
e, sinceramente, ainda bem que assim é. Porque só dessa forma podes aprender com os teus erros (e com os dos outros). so assim podes evoluir, e tornar-te uma pessoa melhor! =)

bjinho!*

Anónimo disse...

Modesto, sempre foste um rapaz das revoluções e bem pensas: quem não faz por isso, ninguém faz por ele. E creio, das poucas conversas que tive contigo, que para ti existem soluçoes para tudo (verdade, subscrevo) e que não tens receio delas, porque se são soluções, medo devia ser igual a zero. E isso de ser comuna é como um gajo ser do benfica e outro do sporting. São idealizações em que uns dão para uma coisa e representam-na e outros para outra, obviamente. Mas sempre foste um rapaz fixe, aprazível e capaz, e que soubeste ter frieza e cabeça nos momentos exactos. Só te condeno ainda fumares, e olhar que deixar duas vezes não me serve de vitória moral que essas para mim não existem. Vai em frente, luta por esses objectos e trata dessas questões insolúveis e tornas-me respostas capazes em qualquer situação da tua vida. E olha que ela mora em qualquer esquina, em qualquer lugar.

Abraço modesto.

david

Catariina disse...

Bem tive que ter bué atenção ao ler isto senão percebia tudo mal, ´s só palavras caras =P

Realmente podias ter apostado no jornalismo, tens um veia para isso. Escreves bem, tens cabeçinha, sabes fazer as coisas.
:)

Continua a escrever que eu gosot ;)
Quanto à minha opinião quanto ao tema disto e da tua " questionabliidade" do ser feliz, já ta expressei hoje :)
Obrigado pela conversa =D

Beeijinho desta amiga ,
Catariina (Coimbra)