quinta-feira, 10 de julho de 2008

Compaixão

Boas noites, mais uma vez decido cá voltar, apenas para descrever um episódio que passei à tempos, e talvez a diferença e angústia, não por mim, mas por outros.

Neste caso, uma única pessoa me chama a atenção... um único indivíduo mas que serve tão bem de símbolo aos mais descriminados, e também injustiçados seres humanos no nosso planeta, ou pelo menos no nosso Portugal e em outros países que partilhem do mesmo sistema.

Numa bela noite, em que apenas necessitava de sair de casa e apanhar um pouco de ar fresco, decido acompanhar um amigo ao Estoril que ia buscar a namorada. Na vinda, a caminho de Algés, eu sentado sozinho num daqueles agrupamentos de quatro bancos no comboio, entra um indivíduo negro já de certa idade, cego e óbviamente pertencente à classe trabalhadora (ou que pertencera, uma vez que era cego) devido às vestes visivélmente pobres e maltratadas. Bom, o meu amigo ajudou o homem a encontrar o caminho para o banco. O seu rosto era feito de mágoa, as suas mãos de calos... era uma imagem que sem dúvida a mim fazia tremer de solidariedade, e de vontade de ajudar ou fazer algo... mas a minha condição de popular não o permite. A determinada altura, este homem humilde canta baixinho para si mesmo, canções diria eu outrora de outros tempos, mas ainda assim enquadravam-se na perfeição nos tempos de agora. Canções revolucionárias, mas talvez até não fosse essa a natureza real dessas canções... eram canções de humildade, que falavam da tristeza de um homem que trabalhava dia e noite para sustentar a sua família, e que não dava importância às injustiças sofridas por si, pois apenas lhe interessava o seu dever social: o trabalho, por mais forçado que fosse, pois apenas isso o permitia sustentar aqueles que tanto ama: a sua família.

Era capaz de jurar, que vi o homem chorar para si... perguntei-me a mim mesmo que histórias passadas será que esconde aquele homem, aquele pobre trabalhador, aquele ser descriminado!

Um dia alguém o disse: "Se você tremer de indignação a cada vez que se comete uma injustiça no mundo, então somos companheiros", foi Che Guevara que o disse, e posso dizer que concordo a 100% com isto, eu como revolucionário e tantos outros, pressentimos cá dentro as mágoas de outros... queremos lutar tanto e ao mesmo tempo tão pouco podemos fazer por aqueles que mais precisam... a angústia e a compaixão sentida por aqueles que tanto sofrem neste Mundo...

Um dia, à mais de cem anos, onde ainda não havia nenhum conceito de Capitalismo, Socialismo e mais o que quiserem, um filósofo e economista já achava degradante o estado do Mundo, a pobreza injustificável e a injustiça intolerável... não havia portanto naquela altura capitalistas nem comunistas... havia apenas aquilo a que hoje se chama Capitalismo Selvagem.
Esse alguém, tentando fazer algo para melhorar o estado da população em todo o Mundo, elaborou a partir do sistema que já havia e que hoje há (Capitalismo Selvagem, hoje apenas Capitalismo), um sistema mais igual, mais justo, em que era possível conceder condições humanas a toda a gente que o seja... protegendo o trabalhador da injustiça sem descriminar o poder hierárquico do patronato (naquela altura a burguesia). Essa pessoa era Karl Marx, fundador do Marxismo, a primeira e ainda a mais seguida vertente do Socialismo, ainda hoje com esse nome mas já sendo maioritáriamente Revisionista. Mas ainda assim, muitos não o consideram o primeiro, pois alguns consideram como o primeiro comunista Jesus Cristo, alguém que lutou do lado do povo, para combater a desigualdade e o poder dos Romanos.
Muitos nos chamam sonhadores e que desejamos o impossível e por vezes até a maldade, pois bem, também foi o que chamaram em tempos aos républicanos e aos jacobinos da Revolução Francesa!

Na história que referi mais acima no texto, disse que saíra de casa apenas para apanhar um pouco de ar e encontrar com um amigo... sinto compaixão, ao pensar que tantos outros não saiam de casa para apanhar ar, simplesmente por não terem uma, ou que não saiam para ir ter com um amigo, por não os terem, traídos pela vida...

Abaixo neste texto está um outro poema escrito por mim, o primeiro que escrevo em homenagem a outra pessoa que não conheço... mas que apenas vi e me inspirou um tal espírito chamado de revolucionário, e senti solidariedade... por esse, e por tantos outros...

Talvez um dia, a imagem do Socialismo manchada por tantos desapareça, e os mais necessitados possam respirar livremente... talvez um dia...


Em tempos de guerra...
Guerra social
Apenas governa a fera,
Alimentando a muitos o mal.

É neste Mundo a lutar,
Que algures na maldade herança
Oiço o cantar de um pobre popular...
Um cantar de esperança!

É algo que me faz pensar...
A discriminação, o limite e o esforçar,
E ainda assim a humildade
De um pobre trabalhador,
Guardando para si toda a dor
Do preconceito desta cidade.

O pensar na razão de tudo isto...
Na injusta e tão imperfeita sociedade,
E que num Mundo ainda assim misto
Toda a massa luta por igualdade.

Aqui o chorar de um cego, o berrar de uma criança
Não serve de nada,
Enquanto os maiores receberem a herança
Daquilo que tanto mata!

Mas ainda assim,
O cantar de um cego ganha plateia,
Pelo desesperado fim
De um sistema que não nomeia!

Mas talvez um dia,
A este e tantos outros...
Talvez um dia,
A estes venham louros...

sábado, 5 de julho de 2008

Valores humanos


Boa noite, chego agora do Bairro Alto, e deu-me para vir cá escrever umas baboseiras, já cá não vinha à algum tempo.

Eu como homem, como ser humano, penso e repenso nos meus valores como tal, naquilo que devo escolher como prioridade, o que desejo para mim e para os outros... um conjunto de coisas. Como todos sabemos, homem não é homem senão tiver sonhos por realizar, ou nem que seja apenas motivos para sonhar, sem isso não passaríamos de um animal sem alma deambulando por este Mundo de ninguém.
Um dia alguém o disse, e apoio plenamente essa afirmação, «Tudo o que hoje é realidade, outrora foi um sonho!». Acho que não vale a pena destacar aqui os meus sonhos ou realizações que tanto desejaria, gostava apenas de destacar, que sinto grande dever e também vontade de apoiar em que questões forem, aqueles que me são próximos... a minha família, as pessoas que eu amo, os meus amigos e todos os outros que me rodeiam... e não em menor grau todos os outros habitantes deste planeta!

Todos temos pequenos sonhos, outros também os têm grandes (e por vezes demasiado grandes), eu como qualquer pessoa, desejo realizar-me a nível professional e social, de modo a garantir as boas condições às futuras gerações da minha família, e se possível, de muitas outras.

Alguns concerteza hão-de ter grandes sonhos, os quais não acreditem poder realizá-los e achem normal mesmo assim tê-los, não irei destacar aqui o meu grande sonho, chamar-me-iam louco, mas penso que todos nós tenham o seu pedaço de loucura... o meu é virado para a Humanidade, gostaria de deixar cá uma marca, uma esperança ou um sinal, de como ainda há a crença de novas eras de paz e fraternidade, e não deixar este Mundo sem que faça algo para que a situação humana melhore... penso que seja isto que me distingue como comunista... e tantos outros que não saibam que o são.

Por último, e fugindo um bocado ao tema, está aqui um outro poema escrito por mim, dirigido à pessoa que tanto o mereçe e que tanto amo, ela sabe quem é. :)


Um barco derivando...
Variando na maré,
Por este extenso mar cruzando
Em busca de um motivo de fé.

São largas as vagas que o trespassam,
Largas as horas de tormento,
Transformando cada momento
Em dilemas que tantos pensam.

É por um destino que não conhece,
Por um motivo que não percebe...
E ao mesmo tempo que tanto quer!

O Céu inundado de azul,
Que lhe faz pensar na beleza deste Mundo,
Percebendo sempre no fundo
Para que sentido é o seu Sul!

É uma lição de ironia,
Que faz crescer este marinheiro,
Olhando para a eterna estadia
Neste mar de que é pioneiro.

Questiona-se a ele próprio
Sobre a sua própria natureza,
Que sempre tivera sóbrio
Com uma absoluta certeza...

No mar profundo onde é navegante,
A rota sempre tivera traçada...
Um mero amante
Em busca de sua amada!

Uma lição de vida...


Como todos sabemos, os e-mails recebidos relatando acontecimentos maus são duvidosos, por isso, não iria pôr qualquer um desses neste blog... mas este chamou-me a atenção, em primeiro lugar por não transmitir qualquer envio ou número de envios necessários, e depois por ser uma história de vida dramática, e ao mesmo tempo de tentativa para que mais nada disso se volte a repetir, mesmo sabendo que a pessoa em causa jamais teria uma segunda oprtunidade... uma autêntica lição de vida.
"Cravei" o texto a um outro blog, concerteza o dono do blog não se importa, pois não é o autor do texto. Leiam e reflictam!


"A TODOS OS MEUS AMIGOS E AOS AMIGOS DOS MEUS AMIGOS Chamo-me Ricardo Matos, tenho 35 anos e não sei se faço os 36! Irónico? Não. Sou realista… e já vão perceber porquê. Sou casado (em união de facto, o que para mim é a mesma coisa) há 6 anos. Um casamento feliz, vários desentendimentos ao longo deste tempo, mas nada que possa ter posto em risco os sentimentos fortes e recíprocos entre mim e a mulher da minha vida – a Paula. A prova está nos 2 seres mais importantes do mundo para mim – os meus piolhinhos – Nádia e André. A Nádia nasceu 1 ano depois de nos juntarmos – veio alterar por completo a nossa vida – os serões com os amigos passaram a ser em casa, o Bairro Alto e o Lux passaram para 2º plano. Mas não fez mal, pois a nossa maior alegria era partilhar todos os momentos com a nossa filhota. Cada gracinha,cada progresso do seu crescimento tinha que ser vivido pelos 2, ou sentiríamos inveja um do outro (no bom sentido). Passaram 3 anos e nasceu o André. Espevitado e muito manhoso, sempre foi um terror, desde o dia em que nasceu. Veio alegrar ainda mais a nossa vida. Antes de nascer o André, passei por um período complicado. Eu e a Paula discutíamos muito, a gravidez dela foi complicada, ela passou muito mal, o humor dela alterou-se completamente, teve algumas complicações e ficou de baixa a partir do 4º mês de gravidez… e eu não tive paciência nem coragem para a apoiar. Eu e a Paula chegávamos a discutir sobre quem deveria levar ou ir buscar a Nádia ao infantário. Eu achava que ela deveria fazê-lo por estar em casa “sem fazer nada”, ela dizia-me com toda a razão (hoje admito), que se estava de baixa, por algum motivo era. Não podia fazer esforços nem pegar em pesos, mas eu, no meu mais puro egoísmo,nunca parei para pensar. Eu não fui um bom marido, nem um bom pai, optei pelo caminho mais fácil e refugiei-me nos meus amigos, na noite, nos copos… O ambiente em casa ficou de cortar à faca, tudo era problema para a Paula, em contrapartida, lá fora tudo era maravilhoso, não havia stress com nada, eu era solicitado pelos meus amigos, ninguém fazia perguntas, ninguém me criticava, tudo era perfeito!!! Até que um dia, numa das minhas saídas nocturnas, conheci mais profundamente uma das amigas da noite: o nome dela era Mónica, tinha 25 anos, não era propriamente bonita, mas era aquilo que se chama “um chuchusinho”. Até esse dia, brincávamos um com o outro, provocávamonos mutuamente, chegámos até a trocar uns beijinhos inocentes, nada de importante. Mas nessa noite, foi diferente, eu tinha vontade de extravasar, não me apetecia pensar na minha vida actual, naquele momento, rejeitei completamente pensamentos sobre a minha vida, a minha mulher, a minha filha… o meu filho que vinha a caminho. Acabei a noite num hotel, achando que o meu acto era apenas um desabafo, pois se a minha vida estava virada do avesso, que mal fazia tentar alegrar-me um pouco?! Cheguei a casa à hora do almoço, deparei-me com a cara da minha mulher, a cara de quem tinha passado a noite em branco, angustiada e triste. A minha filha não entendia nada, apenas ficou feliz por ver o pai, sem perceber porque é que ele passou a noite fora. Desculpei-me com os copos, arranjei o álibi perfeito, disse que bebi demais, não estava em condições de conduzir e fiquei a dormir no carro, juntamente com um amigo. Não sei se a Paula acreditou. Só sei que não disse mais nada. Eu senti-me mal, mal por mentir, mal porque senti nojo de mim próprio, pelo que tinha acabado de fazer. Uma noite perfeita acabou num peso brutal na minha consciência. A Paula não merecia nada do que eu tinha feito. O tempo foi passando, as mágoas foram-se atenuando, mas as coisas entre mim e a Paula nunca mais foram as mesmas. Até que nasceu o André. Aí, baixámos as armas por completo e prometemos um ao outro que nunca mais íamos deixar as coisas chegar à exaustão. Éramos uma família e tínhamos que lutar por ela, por nós e principalmente pelos nossos filhotes. Esqueci o assunto, “redimi-me dos meus pecados”, dedicando-me à minha família. Mas sempre que me olhava ao espelho, sentia-me um cobarde pela traição e por não ter assumido os meus actos. Mas também, isso poderia estragar tudo. Era melhor ninguém saber de nada. Há cerca de um ano atrás, a Paula foi ao médico, por causa de umas dores que andava a sentir. Fez exames e detectaram que tinha quistos nos ovários. Teve que ser operada e para tal, foi submetida a uma série de análises – prática comum antes de uma cirurgia. Entre as análises estava a avaliação sobre o HIV. Qual o problema? Nenhum. Nunca poderia acusar nada… mas acusou. A Paula estava infectada com o vírus da sida e a tempestade caiu de novo nas nossas vidas. Tive que admitir o meu erro e automaticamente, fiz também análises. Estava também infectado, fui eu o causador de tudo, de certeza absoluta. Lembrei-me da inconsciência daquela noite, de tudo o que fiz e do que não fiz. Como é que eu pude fazer o que fiz sem usar preservativo, com uma pessoa que eu conhecia há tão pouco tempo. Mas tinha tão bom aspecto… quem haveria de dizer… Percebi também porque é que os antibióticos que andava a tomar não faziam efeito como deviam. Estraguei a minha vida, a vida da minha mulher, dos meus filhos, dos meus pais, de toda a família. A Paula ficou portadora do vírus, por minha culpa. A lição que aprendi, a um custo tão elevado foi que o amor vence tudo. A Paula deu-me uma chapada psicológica que eu nunca vou esquecer. Perdoou o que eu lhe fiz e tem-me proporcionado os melhores momentos da minha vida. Hoje, estou deitado numa cama, sem fazer esforços. Estou com uma broncopneumonia grave, o meu organismo não responde aos tratamentos, não sei quantos dias vou durar. Se me safar desta vez, vou continuar a viver cada momento como se fosse único. Estou angustiado por não haver nada a fazer, pelas consequências do meu acto inconsciente. Quanto à minha amiga, a Mónica, perdi-lhe o rasto, tentei contactá-la logo que aconteceu tudo, mas nunca atendeu. Será que sabia o que tinha? Quantas mais pessoas teriam a mesma coisa? Estas são perguntas para as quais nunca vou ter resposta. Percebi a importância da vida, que, se tivesse uma 2ª oportunidade,nunca desperdiçaria os melhores momentos, as gracinhas dos meus filhos, o amor da minha mulher. Porque escrevo? Porque quero passar a mensagem a todos os meus amigos e a todos os amigos dos meus amigos. Eu não tive uma 2ª chance, não pude voltar atrás, estraguei tudo. Por isso peço-vos: Não desperdicem as oportunidades da vida. Ponderem sobre o que é mais importante para vocês. Quando “brincarem” com alguém, conhecido ou desconhecido, por mais confiança que possam ter, protejam-se. O bom aspecto das pessoas não indica se estão ou não contaminadas. Cuidado com as caras bonitas (isto é válido também para as mulheres, claro). Mesmo com protecção, façam o teste HIV, porque nunca se sabe. Quando o fizerem, se estiverem a trair alguém como eu (custa muito admitir, mas foi mesmo traição o que eu cometi), cuidado, pensem que não podem estragar mais ainda a vida das pessoas. Eu não consegui voltar atrás mas quero que o meu caso sirva de exemplo. Não vou chegar aos 36 anos, vou deixar para trás uma história de vida muito bonita, os meus filhos, a minha mulher, toda a minha vida. Eles vão ficar marcados para a vida toda, principalmente a Paula que tem a vida dela estragada à custa da minha irresponsabilidade. Peço que não escondam nada dos meus filhos, quero que lhes contem tudo o que o pai fez, que lhes mostrem esta carta, quando puderem entender. Perdi o rasto a muitos amigos de escola, da faculdade e de outros andamentos. Por isso mesmo, quero pedir a quem tem esses contactos, que forme uma corrente e mostre a minha mensagem. O meu exemplo tem que servir para alguma coisa. Como não posso viver, pelo menos a minha morte poderá evitar outras, assim o espero. Às pessoas que me conhecem, provavelmente vão ler a mensagem depois da minha morte: nunca tive inimigos por isso posso dizer que tive todo o prazer em vos conhecer, em ser vosso colega, vosso amigo… não chorem a minha morte, ou se chorarem, sorriam ao mesmo tempo e pensem que a vida é maravilhosa, basta nós querermos. Por último, peço a todos os que lerem a minha mensagem, que pensem sobre o significado de curtir a vida. Curtir a vida não é fazer o que eu fiz. Pensem muito nisso. CURTAM, PROTEJAM-SE E VIVAM FELIZES!!!
Com saudades da vida Ricardo Matos
Lisboa, 27 Fevereiro 2008 "